terça-feira, 23 de junho de 2015

Solitária

Sente-se solitária, mesmo cercada por uma multidão que vem e vai, apressada e cega pela rotina e obrigações do dia-a-dia. Sua aparente delicadeza é destoada pela força que carrega sob sol e chuva. O vento faz suas pétalas caírem, mas suas raízes são fortes, estão presas firmemente ao chão, dando-lhe suporte e estabilidade. Mesmo sem sua corola, o verde de seu pequeno caule e suas novas folhas que desabrocham devolvem-lhe a confiança e a autoestima. À noite, pela janela, avistei-a em meu jardim. Tão singela, tão majestosa. Como pode ser tão pequena e tão forte ao mesmo tempo? Naquela noite, coloquei minhas lentes, e enxerguei, novamente, o valor da simplicidade no mundo. No meu mundo. Solitária, ocupa seu papel com total eficiência, trazendo beleza à vida, felicidade aos insetos e a tantos outros polinizadores, completamente digna de nosso tempo a contemplá-la.
Ps.: leitura e interpretação baseada em uma fotografia. Uma pena não poder públicá-la, mas é possível que um fantasminha reconheça. 
Ps 2.: texto completamente fictício. Nenhuma referência a minha pessoa hahahahaha

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Corrente do bem :)

Na rodoviária, à espera de um ônibus atrasado, como de costume, percebi algo bem intrínseco na maioria das pessoas: medo de ajudar. Uma senhora, com aparente desespero, pedia dinheiro, qualquer moeda possível, para comprar passagens para si mesma e para os dois filhos. Não me recordo do valor exato. O fato é que a primeira coisa em que pensei foi checar os meus bolsos. Para mim, estava bem claro que aquele dinheiro não iria ser usado para outros fins, ao menos que ela fosse uma ótima atriz, indicada ao Oscar. Após checar bolsos, encontrei dois reais em moedas e pensei: é pouco, mas com certeza irá ajudar. Dei o primeiro passo: fui até ela e estendi a mão com o dinheiro. Quando vi aquele sorriso, aquela expressão de gratidão, senti meu dia realizado por aquele instante, seu sorriso e seu "muito obrigada". O mais incrível aconteceu no momento seguinte. Um e outro começaram a pipocar, surgindo para também contribuir com a senhora. Minha felicidade apenas aumentou. Do silêncio inicial, deu-se início a uma solidariedade em cadeia. Pensei então: por que as pessoas sentem medo de ajudar? Qual o dilema? Ser enganado ou não? Saber se aquilo é correto ou não? O importante, no final de tudo, é que suas chances de voltar para casa estavam aumentando a cada minuto, a bondade, seja por vontade própria, ou imposição da imagem social, floresceu. Bastou um passo, um pequeno passo, e um braço estendido para o receio ser dissolvido. Senhora, espero que volte para casa com seus filhos hoje mesmo. Não sei se Deus existe, mas se sim, retribuo o " Deus a abençoe ", e que ele olhe sempre por você. Admiro sua coragem!