quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Amante do surrealismo
Sinta a música como uma onda que te leva para o mar azul. Sinta a música te agitar, como o vento que sopra em tempos nublados. Faça do momento o primeiro ao abrir os olhos, e o último de um suspiro. Sorria, cante, grite para o mundo o que te prende, o que te sufoca, o que está guardado na mais profunda memória. Ah, a memória. Relativa quanto à vida, relativa quanto às situações. Tão sábia junto à consciência, mas vilã junto ao coração. As notas pairam no ar, sem rumo, sem caminho. Parecem perdidas, mas compõem uma sincronia tão perfeita, tão viva. Vejo claves de sol, ré, si-bemol, dó-menor, lá-maior... Cores! Ah, cromolândia, sinestesia! Qual a graça do ritmo sem cores? O grave, por ser grave, dramatizado, chora por vermelho, mas pela intensidade, faz jus ao tom de preto. O agudo, teimoso que é, insiste pelo amarelo, forte e imponente, mas recebe da aquarela, que compõe a cena, o verde-água de um mar, estranhamente, musical. Partituras interagem com os outros sentidos, não menos importantes, tampouco excluídos. Tato, olfato, paladar... As peles que se tocam ao dançar da música, os lábios que se fundem ao sabor da melodia. O amargo da boca nasce com mi-menor entrando em cena. Logo o doce, contudo, surge para alegrar as boas almas, que, ao som de fá, degustam as últimas falas desse arranjo surreal.
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