segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Será?
Há alguns dias, li "O pequeno príncipe" pela primeira vez. Consegui compreender o porquê de tantas pessoas dizerem que todo mundo deveria lê-lo em diferentes fases da vida. No meu caso, pulei a infância, mas sei que, se o tivesse lido, minha interpretação seria bem distinta da de hoje. Antoine de Saint-Exupéry diz, por meio de suas personagens, que, a partir do momento que alguém cativa outro indivíduo, esse torna-se responsável por aquele, uma vez que ambos terão necessidades recíprocas, vontade de estar com o outro. Com a pouca vivência que possuo (míseros 22 anos!), já não acredito fielmente nessa ideia. Acho que essa afirmação talvez seja válida para fases em que o indivíduo não possui tanto poder de discernimento sobre o limite entre espaços pessoais, sobre o tempo disponível de cada um e a diferença entre formalidades e promessas de um possível retorno. Essa fase assemelha-se com a infância. Dizer para uma criança que logo mais você voltará é fazê-la crer, fielmente, em que, em breve, ela terá a honra de sua visita. Isso foi comprovado por mim há alguns dias (para ser mais específica, no natal), quando prometi a meu primo de 8 anos que permitiria a ele usar meu celular quando eu voltasse. Com certeza eu voltaria, mas tinha em mente que, horas depois, ele não mais lembraria de minha promessa. Inocente! A primeira pergunta que me fez logo que me viu foi: "Trouxe seu celular?". Já houve dias em que minha simples companhia era mais significante e interessante do que um jogo estúpido de celular. O fato é que palavras jogadas inocentemente por mim foram agarradas e guardadas fortemente pelo meu primo, assim como moedas de ouro seriam agarradas pelo Siri Queijo. Em minha atual fase, juventude/ adultez, vejo de forma límpida como essa afirmação pode ser errônea e ingênua. Se eu me cativo por alguém pelo simples motivo desse me parecer especial, a maior responsabilidade cabe a mim somente saber das consequências do meu apreço por ele. O indivíduo cativado não é culpado por transmitir simpatia e feromônios. De forma honesta, contudo, esse outrém deve prezar a sinceridade e esclarecer se o "ato de ser cativado" é recíproco. Como sabemos, a humanidade não é ideal, bem longe da utopia. Peço licença, Saint-Exupéry, com toda educação, pois preciso redigir sua citação com detalhes da sociedade contemporânea, quiçá, de todo sempre: "Tu te tornas refém de/por quem foi cativado"(versão dramática), ou "Tu te tornas capacho de quem te cativou"(versão corno-sertaneja), ou "Tu és o único responsável por ser cativado... e por continuar a alimentar esse apego sentimental"(versão Thatiane).
Escrevo cartas dramáticas de amor. Às ordens!
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